EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

terça-feira, 29 de abril de 2014

ESCOLA E INCLUSÃO

ZERO HORA 29 de abril de 2014 | N° 17778


RAQUEL LIANE DA SILVA*



A ideia de inclusão escolar, ou seja, abrir espaço dentro das escolas para as crianças portadoras de necessidades especiais, é amplamente difundida, discutida e revisada. Vários pensadores em educação propõem este tema, diante das inúmeras dificuldades enfrentadas, para que isso aconteça. Entre elas, falta de preparo profissional para acolher e trabalhar as necessidades dessas crianças, evidenciado muitas vezes em falas que mais reforçam o preconceito; falta de espaço, ambiente e materiais qualificados e as dificuldades de manejo e interação com o restante do grupo de crianças.

Gostaria de poder me deter apenas no terceiro aspecto, já que os dois primeiros não estão intimamente relacionados às próprias crianças, mas às estruturas que a priori deveriam ser pensadas e planejadas com esse fim, atendendo às legislações vigentes deste tema.

O que significa para um grupo de alunos ter um colega “especial”? Qual é o papel da professora frente à aprendizagem de uma criança que já se pressupõe ser limitada? Como os pais das crianças “normais” veem essa criança e as situações do cotidiano? Qual o papel da escola na educação para a vida e no ensino de valores?

Receber uma criança com necessidades especiais em aula não é apenas lhe dar uma vaga e colocá-la na sala. A crítica muitas vezes levantada é de que isso não é inclusão. Incluir, no dicionário Aurélio, quer dizer inserir, compreender, envolver.

Antes de tudo, essa criança deve ser vista como mais uma no grupo, no sentido de ter tanto direito de estar ali quanto qualquer outra, apesar de suas dificuldades e limitações, que, muitas vezes, estão presentes em qualquer criança, a sua forma. Depois, é preciso que essa criança seja compreendida em suas atitudes e modo de ser. A Declaração de Salamanca (1994) diz que “todos os alunos devem aprender juntos, sempre que possível, independentemente das dificuldades e diferenças que apresentem”.

Para que isso se torne realidade, é preciso, sim, investimentos em qualificação profissional e material, mas o mais importante é ter disponibilidade para aceitar as diferenças e convicção de que ações mudam situações. Muitas escolas têm sido agentes de transformação na vida de crianças e famílias, abrindo perspectivas antes pouco visualizadas. O mais importante, contudo, é que essas transformações não são benéficas apenas aos “diferentes”, mas tão e, quem sabe, até mais benéficas aos ditos “normais”.

Coordenadora escolar e psicopedagoga

segunda-feira, 21 de abril de 2014

ASSALTOS AMEDRONTAM PAIS EM ESCOLAS DE PORTO ALEGRE



ZERO HORA 21 de abril de 2014 | N° 17770


BRUNA VARGAS


TE PEGO NA SAÍDA. Para tentar conter assaltos, Brigada Militar intensifica policiamento nas proximidades de instituições



Questão que desperta a atenção da comunidade escolar da região do Bela Vista, os assaltos nas imediações dos colégios deste bairro de Porto Alegre voltaram a preocupar pais de estudantes, Brigada Militar (BM) e direção das escolas nas últimas semanas. Isso porque, em menos de sete dias, pelo menos duas ocorrências de roubo ocorridas próximas a instituições de ensino foram registradas.

Os crimes, à mão armada, configuraram o roubo de um carro, em um dos casos, e de uma bolsa, em outro. A personal trainer Valquíria Meotti presenciou um dos assaltos.

– Uma mulher foi buscar o filho na escola, por volta das 19h30min. Quando ela voltava para o carro, estacionado, dois homens a abordaram e apontaram uma arma para a criança. Ela entregou a bolsa, e eles fugiram – lembra a mãe de uma aluna do Província de São Pedro.

No entanto, o problema dos assaltos a estudantes e pais próximos a escolas – em um eixo dos bairros Boa Vista e Três Figueiras há quatro instituições de ensino –, não é novidade na região. No ano passado, o tema motivou a criação de um grupo, reunindo representantes das escolas, da BM e da comunidade, para discutir a segurança nesses locais.

Patrulha da polícia trabalha em área com 96 instituições

Comandante do 11º Batalhão da Polícia Militar (BPM), responsável pela segurança em 23 bairros, Eduardo Biacchi destaca que o assunto está entre as prioridades do batalhão, que assumiu há 10 meses. De acordo com ele, foi criada uma patrulha escolar, com oito policiais e duas viaturas destinadas exclusivamente à manutenção da segurança nas imediações das escolas.

Mas apesar da boa iniciativa, o contingente se mostra insuficiente para garantir que as 96 instituições situadas na área de cobertura do 11º BPM recebam a atenção necessária para prevenir as ocorrências.

– Não temos policiais para colocar em todas as escolas. Essas duas equipes patrulham a entrada e saída dos colégios durante o dia todo. Não temos condições de fazer o ideal, mas trabalhamos no que é possível – justifica Biacchi.

Com os casos recentes em vias como a Rua 14 de Julho e próximo à Praça Ephrain Pinheiro Cabral, situada entre os colégios Monteiro Lobato e Província de São Pedro, o policiamento foi intensificado na região. Desde o começo da semana, segundo Biacchi, a área tem recebido atenção especial.

Diretor do Província, Guilherme Peretti destaca que a escola mantém o diálogo com a Brigada Militar, cobrando soluções, e que o problema da falta de segurança é comum em toda a região:

– Não há por que estimular o pânico. Sabemos que assaltos são um problema recorrente em toda a cidade, preocupam e assustam as pessoas. Mas estamos sempre em contato com a Brigada e com o 11º BPM. Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para ajudar a prevenir isso.



FIQUE ATENTO
- Antes de estacionar ou entrar no carro, preste atenção à movimentação ao redor.
- Ao detectar qualquer movimento suspeito, aborte a ação e contate a Brigada Militar.
- É possível denunciar ocorrências na região através do 190 ou diretamente ao 11º BPM, pelos telefones 3341-3088 ou 3373-2650.

sábado, 19 de abril de 2014

A EDUCAÇÃO SIMPLIFICADA


ZERO HORA 19 de abril de 2014 | N° 17768


EDITORIAIS



Estados e municípios em busca de subsídios para qualificar o ensino dispõem das lições oferecidas pela prefeitura do Rio. A ex-secretária de Educação carioca Cláudia Costin, que assumirá a diretoria do setor no Banco Mundial, chega ao cargo como reconhecimento pelo trabalho que liderou no município. Em entrevista ontem ao programa Atualidade, da Rádio Gaúcha, a secretária contou em detalhes como conseguiu melhorar significativamente os resultados da maior rede pública municipal da América Latina, com 1.075 escolas e mais de 43 mil professores, e resumiu a performance obtida a partir de uma deliberação aparentemente singela: Em primeiro lugar, é preciso ter coragem.

É o que de fato ainda falta para o início de mobilizações como a conduzida pela ex-secretária, cuja formação em Administração e Economia destoa do perfil clássico dos gestores da área. O principal foco do seu trabalho foi exatamente a melhoria da gestão. O ensino municipal reavaliou também sua base pedagógica e, por fim, o setor público passou a atrair, com uma boa remuneração, até mesmo profissionais que atuavam na rede privada. Há lições que podem ser absorvidas de imediato, entre essas a de que o sistema de progressão continuada, que evita reprovações, pode ser, como define a ex-secretária, apenas um modelo a serviço de uma visão demagógica. Por conta desse sistema, cerca de 80% das escolas cariocas não tinham provas. Uma ideia que não se sustenta apenas nas boas intenções estava penalizando crianças pobres, sem exames de avaliação, com um ensino classificado na entrevista como “de segunda classe”. As provas foram retomadas, e as escolas passaram a receber o suporte de material curricular único.

Outro aprendizado é oferecido pela ênfase dada à alfabetização, a partir da constatação de que, em 2009, 13,6% dos alunos do 4º ao 6º ano eram analfabetos funcionais, ou seja, não dominavam leitura e escrita básicas. Em 2013, esse índice caiu para 3%. Além disso, 90% das crianças saí-ram do 1º para o 2º ano alfabetizadas. A mesma gestão obteve rendimentos muito acima da média nacional entre estudantes do 6º ao 9º ano, submetidos aos exames do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes. O município conseguiu o engajamento dos professores com a definição de objetivos e uma manifestação inquestionável de valorização dos docentes, com os vencimentos mais altos entre as redes públicas das capitais brasileiras.

Mesmo assim, a nova diretora do Bird enfatiza que melhorar o ensino não custa caro. Trata-se, na verdade, de uma escolha, com a definição de prioridades, que a maioria dos administradores ainda precisa fazer. Como gestora de educação na instituição internacional, Cláudia Costin poderá contribuir para avanços na educação especialmente na América Latina, na África e na Ásia, como parte dos esforços de combate à pobreza. A ex-secretária é uma das provas de que o Brasil forma talentos capazes de reverter o quadro geral da educação, mas que somente serão efetivos se contarem com o respaldo de administradores corajosos.


quarta-feira, 16 de abril de 2014

A INDISCIPLINA ESCOLAR FORMA GERAÇÃO DESORIENTADA







JORNAL DO COMERCIO 16/04/2014


EDITORIAL



Dois colégios têm história em Porto Alegre, não apenas os seus prédios, ainda que construídos nas décadas de 1920 e 1940, respectivamente o Instituto Porto Alegre (IPA) e o Colégio Americano. Ambos formaram e continuam formando gerações de alunos e alunas orientados para a vida, para a família e, para quem quiser seguir, também para a religião. Por um descuido, quase foi a leilão o prédio do Colégio Americano. Hoje, ambos têm faculdades e fazem parte da história e da paisagem da Capital. Por isso, pelo histórico do ensino privado e também público, com o Júlio de Castilhos, o Instituto de Educação, o Protásio Alves e o antigo Fernando Gomes, na rua Duque de Caxias, depois Escola Técnica Ernesto Dornelles, muitos porto-alegrenses, talvez a maioria, não aceita o que está acontecendo nas escolas nos dias atuais, sejam públicas ou privadas, que é a indisciplina quase generalizada. Suspiros de pais e avós saudosos dos tempos em que os alunos se levantavam quando o professor entrava na sala, silêncio quase absoluto, e onde o mestre sempre era visto como alguém mais experiente, mais culto, educado e, obviamente, mais idoso. E esses eram predicados e pressupostos valorizadíssimos, então.

Todavia estamos convivendo hoje com a geração que se criou vendo desenhos onde predomina a violência e também aquelas crianças que foram cuidadas não apenas pela tevê, a “babá eletrônica”, mas diante dos computadores. São mesmo uma maravilha tecnológica inigualável e que mudaram as comunicações e as relações pessoais e coletivas. As crianças e os jovens de agora viverão em um mundo que nós, os mais velhos, jamais conheceremos, apenas podemos imaginá-lo a partir dos avanços tecnológicos espetaculares dos últimos cinco ou 10 anos, talvez até menos.

Porém há instrumentos que também são alienantes, deseducadores da língua e propagam a superficialidade dos contatos, além de permitirem um anonimato que esconde os piores instintos. Elevar a inteligência sem torná-la pernóstica é o conselho dado aos que querem chegar ao poder e serem lembrados pelas gerações futuras. Temos uma porção de frases rebuscadas para explicar o que está ocorrendo. São palavras e frases repetitivas, modismos vocabulares que não explicam a má educação que temos em muitos colégios. Uma das mais usadas é que precisamos lançar “um novo olhar” sobre a educação.

O que é isso? Amores e virtudes são os elementos e princípios basilares das famílias e nações. Isso é o que está faltando. A criança e o adolescente que não têm limites impostos se julgam desamados. Acabam se desajustando e pagando um alto preço quando se tornam inconvenientes junto aos colegas, aos amigos e nos empregos. Saem perdendo, é inexorável. A escola prepara futuros profissionais, aplicando, igualmente, um verniz de formação social. Escola e formação familiar são complementares, não excludentes. Os moços estouvados ainda são menos incômodos do que os idosos imprudentes ou que praticam o relativismo moral, como acontece, lastimavelmente, com alguns políticos no Brasil.









segunda-feira, 14 de abril de 2014

À ESPERA DE UM MILAGRE

Número de matrículas na rede pública de ensino caiu quase 6% em quatro anos Foto: Marcia Costa / Agência O Globo

O GLOBO, 14/04/2014



Antonio Gois



Violência e pobreza têm efeitos perversos no aprendizado. É injusto cobrar que as escolas, sozinhas, contornem esses problemas

A ocupação da Maré por forças de segurança do Estado reforça a expectativa de que a política de pacificação venha acompanhada da melhoria dos serviços públicos nas favelas. Há muito a fazer nas escolas destas comunidades, mas estudos demonstram que, por si só, a redução da violência já tem impactos positivos no desempenho dos alunos.

Um trabalho que comprova esta tese foi feito pelos pesquisadores Joana Monteiro e Rudi Rocha. Orientados pelo economista Cláudio Ferraz, da PUC-Rio, eles compararam o desempenho de alunos da mesma escola em anos relativamente calmos com períodos em que houve conflitos relacionados ao tráfico de drogas em favelas cariocas. A conclusão é que, em média, as notas caem significativamente quando os tiroteios são mais frequentes. E é fácil entender o motivo. Nas escolas mais afetadas pelo problema, alunos ficam mais dias sem aula, diretores passam menos tempo no cargo e professores faltam mais.

A conclusão vale não só para o Brasil. Uma pesquisa sobre o México, recém-publicada no jornal da Associação Americana de Sociologia, mostra que altas taxas de homicídios impactam negativamente o desempenho de alunos nos primeiros anos do ensino fundamental.

A violência, convém lembrar, não é o único fator externo à escola a afetar seus resultados. Num capítulo de seu livro Reign of Error (Reinado do Erro), a historiadora americana Diane Ravitch cita vários estudos que demonstram os mecanismos pelos quais a pobreza, principalmente quando em grau extremo, tem efeito perverso no desenvolvimento cognitivo. Ela argumenta que, nos Estados Unidos, este debate é polarizado em dois extremos: os que defendem que o nível socioeconômico não pode servir de desculpa e os que argumentam que, antes de cobrar resultados dos professores, é preciso atacar a pobreza.

É um típico caso em que os dois lados têm só uma parcela de razão. Se há robusta evidência empírica de que a pobreza e outros fatores externos têm forte impacto no desempenho, por outro lado, é sim possível, como demonstram escolas e redes com bons resultados mesmo em situações adversas, encontrar melhores práticas pedagógicas para amenizar estes efeitos. O problema é que os casos de sucesso na adversidade são poucos, e dificilmente replicados em massa. E, com frequência, o que fazemos é buscar apenas dentro da sala de aula respostas para problemas que surgem, ou são fortemente influenciados, pelo que acontece do lado de fora.

Um caso emblemático, citado pelo jornalista americano Paul Tough no livro “Uma Questão de Caráter”, aconteceu num dos bairros mais pobres e violentos de Chicago. De tanto chamar a atenção das autoridades por causa do péssimo resultado acadêmico e casos de violência, o colégio Fenger passou a receber, em meados da década de 90, vultosos recursos e projetos pedagógicos. Até a Nasa doou um laboratório de US$ 525 mil. A direção foi trocada e a instituição escolhida para ser piloto de um projeto de US$ 80 milhões da Fundação Bill Gates. Apesar de todo o esforço, a situação em nada mudou. As coisas só começaram a melhorar quando um novo projeto implementado em 2009, em vez de buscar soluções apenas dentro da escola, partiu para uma abordagem fora dos muros do Fenger.

No mundo ideal, políticas públicas que melhorem as condições de vida nas comunidades vêm associadas de avanços em sala de aula. É o que esperamos que aconteça na Maré ou em qualquer favela brasileira. A busca por melhores resultados, mesmo em situações adversas, deve ser constante. Só não podemos esperar que, sozinhas, escolas façam milagres.

sábado, 12 de abril de 2014

MAIS UM FRACASSO DO GOVERNO


O Estado de S.Paulo 12 de abril de 2014 | 2h 05


OPINIÃO



A inépcia administrativa está comprometendo o programa Ciência sem Fronteiras, que é a mais importante iniciativa do governo federal no campo da educação. Lançado em 2011, ele foi planejado para conceder 101 mil bolsas a estudantes brasileiros interessados em fazer iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado em universidades conceituadas de países desenvolvidos.

Até agora, já foram concedidas 61 mil bolsas. Contudo, por erros elementares no processo seletivo, muitos bolsistas foram para o exterior sem ter proficiência no idioma em que as atividades didáticas seriam realizadas e as provas seriam aplicadas. O problema é mais grave entre os alunos escolhidos para estudar na Europa, nos Estados Unidos, no Canadá e na Austrália. Por não falar inglês, um contingente expressivo não conseguiu acompanhar os cursos nos quais se matriculou. Também há bolsistas que, tendo demorado muito tempo para aprender inglês, não se prepararam suficientemente e não foram aprovados nos exames seletivos das universidades e centros de pesquisa que escolheram.

Para evitar que esse problema afete a imagem do governo num ano eleitoral, os responsáveis pelo Ciência sem Fronteiras já determinaram o retorno de pelo menos 110 bolsistas do Canadá e da Austrália. Apesar de terem chegado a esses países em setembro de 2013, até agora - sete meses depois - não conseguiram proficiência em inglês. Além de terem recebido passagens aéreas e seguro de saúde, cada um desses bolsistas recebeu cerca de US$ 12 mil para alojamento e alimentação.

Esse investimento não retornará ao País em forma de capacitação profissional e qualificação acadêmica com padrão de excelência, que são os principais objetivos do Ciência sem Fronteiras, cujas contas já estão desequilibradas. Por causa da sucessão de erros administrativos do governo, os gastos com esses estudantes - que voltam para o Brasil sem terem participado de qualquer curso acadêmico - serão contabilizados como prejuízo para os cofres públicos.

Originariamente, os 110 estudantes que receberam aviso para voltar para o Brasil tinham sido aprovados para estudar em universidades portuguesas. No entanto, como o programa Ciência sem Fronteiras foi concebido para propiciar um intercâmbio acadêmico e cultural com países mais desenvolvidos do que Portugal, o governo - mesmo consciente de que não falavam inglês - os remanejou para instituições de ensino no Canadá e na Austrália.

Embora os cálculos ainda não tenham sido concluídos, pois incluem taxas bancárias, variações cambiais e aumento do IOF, o prejuízo do governo será vultoso, uma vez que 3.445 estudantes matriculados em universidades portuguesas viajaram para o Canadá e a Austrália sem saber inglês. Encarregada de atuar como braço executivo do Ciência sem Fronteiras, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculada ao Ministério da Educação (MEC), ainda não sabe quantos bolsistas terão de voltar. O órgão estabeleceu um prazo para que aprendessem inglês, antes de ingressar em alguma universidade canadense ou australiana.

Os estudantes que estão sendo obrigados a voltar alegam que a Capes não respeitou esse prazo. Acusam o órgão de ter alterado o calendário dos testes de proficiência. Afirmam que várias provas de certificação marcadas para o fim de março e início de abril foram antecipadas para fevereiro. Reclamam dos problemas pessoais que terão de enfrentar, pois não aproveitaram a experiência no exterior e ainda terão de fazer mais um ano de graduação no Brasil, para compensar o período em que ficaram fora. E, por fim, reivindicam financiamento adicional de pelo menos seis meses, para que possam fazer algum curso acadêmico. Em nota, a Capes afirmou que os prazos foram respeitados e que os bolsistas foram informados das datas dos testes em setembro do ano passado.

Esse é mais um fracasso de um governo que tem na incompetência administrativa a sua principal marca.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

DISCIPLINA ELOGIADA POR PAIS E CRITICADA POR ESPECIALISTAS


Polícia impõe disciplina militar em escolas públicas de Goiás. Alunos de colégios administrados pela PM não podem usar gírias ou usar batom e devem bater continência e marchar. Motivada pela violência nas unidades de ensino, tutela da polícia é elogiada por pais de estudantes, mas criticada por especialistas

DEMETRIO WEBER 

O GLOBO
Atualizado:7/04/14 - 7h48







VALPARAÍSO. Um grupo de adolescentes se perfila em formação militar, enquanto uma soldado armada os passa em revista. Nenhum deles masca chicletes. As garotas não usam batons ou esmaltes chamativos. Nas conversas não se toleram gírias. Todos são obrigados a cantar o Hino Nacional na chegada, a caminhar marchando e a bater continência diante do diretor. Não estamos num quartel, mas num dos dez colégios da rede estadual de Goiás cuja administração começou a ser transferida para a Polícia Militar desde janeiro, numa medida desenhada para amainar os repetidos casos de violência ocorridos numa região desassistida a apenas 40 quilômetros do Distrito Federal.

Duas das escolas sob o novo regime ficam nas cidades de Valparaíso e Novo Gama. Ali, a maioria dos professores é a mesma do ano passado, e a metodologia pedagógica continua sob responsabilidade da Secretaria estadual de Educação. Mas o diretor de cada unidade é um oficial da PM, assim como a equipe encarregada de manter a “ordem”. Todos fardados e com armas na cintura.

A escolha dos colégios não foi em vão. O entorno do DF convive com problemas crônicos de violência. Desde 2011, a Força Nacional de Segurança Pública reforça o policiamento. Em Valparaíso, o Colégio Fernando Pessoa já apareceu no noticiário policial depois que um ex-aluno foi assassinado a tiros ali. Em outra ocasião, uma professora sofreu um sequestro relâmpago ao sair do prédio.


'Operação limpeza' para conquistar comunidade

A vice-diretora do Fernando Pessoa, Glaucia Ermínia dos Santos, foi mantida no cargo e afirma que o cenário “é outro” desde a chegada da PM:

— A questão disciplinar mudou gritantemente. Tínhamos problemas de tráfico de drogas e prostituição. Professores tinham medo dos alunos.

No Colégio José de Alencar, no Novo Gama, relatos semelhantes.

— Era tudo bagunçado. Tinha gente usando drogas nos banheiros. Agora até o bairro está mais seguro. O melhor é sair e ver uma viatura na rua — diz a estudante Erisvânia Chagas, de 15 anos.

Em ambas as unidades, um mutirão chamado de “operação limpeza” foi posto em prática com o evidente intuito de conquistar a comunidade. As paredes foram pintadas; as pichações, apagadas. Os próprios alunos se tornaram responsáveis por sessões de vistoria nos banheiros e pela checagem da sala: se tudo não estiver arrumado, ninguém sai. Até a lista de ausentes à aula é compilada pelos estudantes, no caso um deles, o chefe da turma. Se um professor falta, nenhuma turma sai mais cedo.

O código de conduta segue os moldes do que vigora nos colégios da Polícia Militar de Goiás (CPMG). Até os cortes de cabelo devem obedecer a certos padrões. Contato físico “que denote envolvimento de cunho amoroso” é proibido.

— No início eu me revoltei, odiei. Hoje adoro, não troco por nada — sustenta Luísa Roriz, de 16 anos, que estuda em Valparaíso.

O apoio entusiasmado pode esconder temor a repressão. O código classifica como transgressão disciplinar grave “denegrir o nome do CPMG ou de qualquer de seus membros”. Quem conversa com alunos percebe o receio que têm de fazer críticas. Estudantes que davam entrevista ao GLOBO foram interpeladas por uma policial da equipe disciplinar no momento em que uma delas reclamava da exigência de ficar em pé durante solenidades.

— Não há dúvida de que a escola, para funcionar bem, deve ter normas claras e ser exigente. Mas isso nada tem a ver com militarização — critica Wanderson Ferreira Alves, professor de políticas educacionais na Universidade Federal de Goiás (UFG). — Experiências exitosas no mundo fizeram o caminho inverso, aproximando a escola da comunidade e horizontalizando relações hierárquicas.

Frederico Marinho, pesquisador de segurança pública na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), chama a transferência de escolas para a polícia de “maquiagem ideológica”, “tentativa de doutrinação dos alunos” e “aberração”:

— Não tem nada a ver com segurança.

Diretor do Colégio Fernando Pessoa, o capitão Francisco dos Santos Silva defende o modelo adotado pelo governo de Marconi Perillo (PSDB). Ele é formado em Pedagogia e foi professor da rede estadual antes de se tornar policial. E diz que um dos objetivos é melhorar a nota da escola no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), método avaliador do Ministério da Educação.

— O caminho é simples: a disciplina consciente. A gente faz (o aluno) pegar o gosto (pelo estudo). No sábado tem grupo de estudo na biblioteca. Em breve, vamos começar um cursinho para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) — afirma. — Gírias como “ô, véio” não podem (ser empregadas). Aqui a gente só usa a norma culta.

Diferentemente do que ocorre na rede pública, os colégios da PM goiana (aos quais se somaram os dois de Valparaíso e Novo Gama) cobram uma contribuição “voluntária” de R$ 40 a R$ 70 mensais. O dinheiro é administrado pela Associação de Pais da unidade e, segundo a PM, destinado a melhorias na infraestrutura, em equipamentos e na contratação de professores de reforço.

O Ministério Público em Valparaíso, contudo, acionou a Justiça no início do ano, devido a informações de que o pagamento da taxa seria compulsório, assim como a exigência de uso de uniforme, um kit de R$ 400. Uma liminar da Justiça garantiu o caráter espontâneo da taxa.

O comandante de Ensino da PM de Goiás, coronel Júlio César Mota, sustenta que houve um mal entendido e que a contribuição é voluntária:

— Quando o pai percebe que a contribuição está transformando a escola, a adesão é muito maior. Chega a 100% em algumas unidades.

O pedreiro Cleuber Bispo da Silva, de 44 anos, diz que faz questão de pagar.

— Meu menino mudou de comportamento. Passou até a arrumar mais o quarto — descreve o pedreiro, cujo filho, de 11 anos, está no 6º ano do ensino fundamental do Colégio Fernando Pessoa.

O coordenador geral da rede Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, avalia como “um desastre” o processo que está sendo registrado na rede estadual de Goiás:

— Trabalhei em escolas públicas nas regiões mais violentas de São Paulo e acompanhava as rondas que a polícia fazia. Elas já eram temerárias... Imagine uma administração da PM! A polícia não faz bem nem seu trabalho de segurança pública, que dirá educação. Essa medida reforça o sentimento de desigualdade entre as escolas. É um instrumento antirrrepublicano. Precisamos combater a desigualdade, não institucionalizá-la.

Outro a condenar a medida é o ex-comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope) do Rio de Janeiro e antropólogo Paulo Storani.

— É a certificação do fracasso de um processo pedagógico no Brasil. É aquele pensamento: “ah, não temos como resolver o problema? Então chama a polícia”. Estão dando o gerenciamento da escola a um órgão que não tem essa função — raciocina. — A população tinha uma expectativa, é o desespero de querer qualquer coisa para melhorar uma situação. Pode melhorar em curto prazo, porque cria disciplina, mas não resolve nada a longo prazo.

sábado, 5 de abril de 2014

REPROVAÇÃO VERGONHOSA

REVISTA ISTO É N° Edição: 2315 | 04.Abr.14

Últimas posições no ranking do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes mostram que os alunos têm dificuldade para resolver problemas de raciocínio lógico. Por que o Brasil não avança nas políticas de educação?

Camila Brandalise


Um estudo divulgado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) na terça-feira 1º colocou o Brasil mais uma vez nas últimas posições de um ranking de educação. Desta vez, o alvo da pesquisa foi a capacidade de os alunos de 15 anos resolverem problemas, avaliando seu raciocínio lógico. É a primeira vez que o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) faz um levantamento das habilidades cognitivas, que envolvem capacidades como interpretação, análise e organização de informações, motivado por números da própria OCDE. Um estudo publicado no ano passado mostrou que 57% dos adultos que chegam ao primeiro nível de competência dessas capacidades estão empregados, enquanto 79% dos que chegam aos níveis quatro ou cinco têm emprego. Ficar em 38º lugar em um ranking com 44 países é um péssimo resultado para o Brasil. Mas assusta ainda mais o fato de 75,1% dos jovens estarem no nível dois de proficiência ou abaixo. São adolescentes carregando uma lacuna de desenvolvimento cognitivo que pode se estender para o resto de suas vidas. E quem perde com isso, além deles, é o País.


CURRÍCULO
Para melhorar o desempenho dos alunos, especialistas sugerem
que o raciocínio seja trabalhado em sala de aula com
questões relacionadas ao cotidiano

Apesar de ter apresentado uma baixa performance na prova, o Brasil ainda ficou acima do esperado em comparação a outros países que tiveram desempenho similar no Pisa de matemática, ciências e leitura, divulgado em dezembro de 2013, segundo Andreas Schleicher, diretor-adjunto de educação e competências da OCDE. Para Ernesto Martins Farias, coordenador da Fundação Lemann e especialista em análises de dados educacionais, isso mostra que há um potencial de aprendizado dos alunos que o nosso sistema escolar não está conseguindo acompanhar. “Acredito que, basicamente, é preciso melhorar o ensino de matemática, já que a disciplina pesa bastante no desenvolvimento do raciocínio lógico”, diz. Resolver o problema, porém, não é tão fácil, pois partimos de índices muito baixos. De acordo com dados da última Prova Brasil, aplicada em 2011, apenas 12% dos jovens cursando o nono ano da rede pública demonstram aprendizado adequado.



Um importante passo para melhorar esse cenário é avançar em relação à equidade e garantir o acesso à escola de qualidade a todos os estudantes brasileiros. O Pisa mostra que, regionalmente, a diferença é gritante. Quando se dividem alguns países por regiões e os distribuem em rankings, Sudeste, Sul e Centro-Oeste do País apresentam pontuação maior do que a média geral nacional, enquanto Nordeste e Norte aparecem mais de dez posições abaixo. “O Brasil é um país desigual. O que o Pisa mostra não é diferente de outros levantamentos”, diz Chico Soares, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Mudar isso requer esforços em políticas públicas, como capacitação de professores. Mas, quando se trata de investimentos, a questão fica ainda mais delicada e nebulosa. Segundo estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) divulgado na quinta-feira 3, o País está entre as 30 nações que mais arrecadam impostos, porém é o que tem pior retorno dessa verba, não só em educação, mas também em áreas como saúde e saneamento.


AVALIAÇÃO
"Precisamos caminhar para que os brasileiros
tenham oportunidades educacionais mais completas",
diz Chico Soares, presidente do Inep

Revisão da base curricular unificada e capacitação de professores estão entre as soluções propostas por especialistas para desenvolver o raciocínio lógico dos alunos brasileiros. Já é possível notar mudanças. Se há alguns anos a escola focava mais no conteúdo, hoje há uma preocupação em incitar a reflexão e a análise. O enunciado da prova deixa de ser somente uma conta e passa a ter um texto com uma situação cotidiana. A psicopedagoga Quézia Bombonatto, diretora da Associação Brasileira de Psicopedagogia, defende essa mudança no perfil das escolas e ressalta a importância de ensinar o aluno a aprender, a construir o conhecimento, e não a decorar ou chegar a conclusões de maneira automática. “Fazer isso significa instrumentalizá-lo para a vida.” Essa modernização da educação, porém, ainda está limitada, em grande parte, às escolas particulares. Isabel Santana, educadora e superintendente da Fundação Itaú Social, defende que a escola pública garanta educação integral, com ampliação da jornada e diversificação de conteúdos, para que os alunos em desvantagem por causa da diferença socioeconômica recuperem esse “prejuízo” com mais atividades. “É preciso colocar intencionalmente no currículo a necessidade de valorização do desenvolvimento das habilidades mais complexas”, afirma Isabel.



Embora a própria OCDE reconheça que o Brasil tem mostrado progressos, aumentando o acesso e as taxas de alfabetização de crianças, avaliações como o Pisa deixam claro que ainda há muito a ser conquistado. É consenso que universalizar e aumentar a qualidade do ensino levará décadas. Enxergar a educação como algo essencial para o desenvolvimento do País é uma ideia relativamente recente. Segundo especialistas, há avanços concretos, principalmente a partir da década de 1970. O problema é que, mais de 40 anos depois, a área ainda não parece ser uma prioridade do governo. Enquanto isso não acontecer, corre-se o risco de o baixo desempenho se arrastar por mais tempo e continuarmos amargando os últimos lugares dos rankings. “A lógica é: precisamos caminhar para que os brasileiros na sua totalidade tenham oportunidades educacionais mais completas”, diz Chico Soares, presidente do Inep. Estamos, sim, caminhando. Mas precisamos ter mais pressa.

Foto: Washington Alves/Estadão Conteúdo

sexta-feira, 4 de abril de 2014

PIOR QUE UMA ESCOLA DE LATA


ZERO HORA 04 de abril de 2014 | N° 17753


PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA




Desde a semana passada, os 317 alunos da Escola Estadual Rui Barbosa, localizada em Morro Grande, Viamão, assistem às aulas dia sim, dia não, e sob condições precárias. Ameaçado de desabamento, um anexo com quatro salas de aula, refeitório e cozinha foi interditado pela Secretaria de Obras após uma vistoria. Os alunos foram acomodados nas três salas restantes e se revezam por falta de espaço. Nas paredes de madeira, cartazes colados reproduzem em tinta guache o apelo dos estudantes: Queremos uma escola nova.

A Coordenadoria Regional de Educação informou à direção da escola que já estão sendo providenciados contêineres para acomodar os alunos. A diretora administrativa da Secretaria Estadual da Educação, Sônia da Costa, porém, nega que o Estado pretenda utilizar os contêineres, também chamados de “escolas de lata”, enquanto o prédio estiver em reforma:

– Estamos estudando uma forma de atender melhor os alunos durante a obra, mas isso ainda não está definido. A reforma deve começar em até 50 dias e vai custar R$ 2,5 milhões. Não dissemos a eles que as aulas serão em contêineres.

O mais incrível na história da escola Rui Barbosa é a opinião de Sônia de que os alunos não terão prejuízo por assistirem às aulas dia sim, dia não.

– Isso foi definido junto à comunidade escolar. Eles não serão prejudicados – disse.

Como a lei estabelece a exigência de 200 dias letivos, é de se perguntar de onde a diretora tirou a ideia de que as crianças não terão prejuízo indo à escola de dois em dois dias, sabe-se lá por quanto tempo. Afinal, uma obra de R$ 2,5 milhões, que vai começar daqui a 50 dias, não se faz do dia para a noite. E a comunidade escolar não tem poder para desafiar a lei e encurtar a carga horária. O prejuízo é evidente.

Será melhor para as crianças se o secretário da Educação, Jose Clovis de Azevedo, reconhecer que a sua subordinada se equivocou e providenciar, imediatamente, os contêineres, como estrutura provisória. Apesar do rótulo de “escolas de lata”, cunhado pelo PT à época em que estava na oposição, os contêineres são climatizados e oferecem condições bem melhores do que o galpão onde algumas das crianças estudam hoje.



ALIÁS

O governo Tarso Genro investiu mais de R$ 300 milhões na melhoria de quase 2 mil escolas, mas esse número positivo acaba sendo ofuscado pela imagem de crianças que fazem rodízio para estudar por falta de salas de aula.

AULAS NO DEPÓSITO

Com a interdição do prédio, os mais de 300 jovens da escola Rui Barbosa, divididos originalmente em 15 turmas, se revezam para assistir às aulas nas três salas que restaram em um prédio anexo.

Para dar conta dos alunos, a direção da escola enturmou os estudantes em grupos maiores e espalhou as aulas em turnos diferentes e dias alternados. As salas, que recebiam de 15 a 25 crianças, agora ficam apinhadas com mais de 40.

O refeitório foi substituído por mesas posicionadas na varanda da escola. Sem cozinha, a merenda ficou restrita a bolachas e frutas. Nos fundos da escola, um depósito com apenas uma lâmpada virou sala de aula, abrigando 14 alunos do 2º ano e a professora. Com o espaço das oficinas de teatro e música interditados, as aulas são ministradas de baixo de árvores.

– Há 14 anos, esses prédios foram feitos de maneira provisória pelo Estado e pela própria comunidade escolar, que levantou fundos para fazer o anexo (hoje interditado). Recebemos a informação da Coordenadoria Regional de Educação de que as obras já estão sendo licitadas e devem começar até o fim do mês, sendo concluídas rapidamente. Estamos aguardando os contêineres para suportar esse período – conta a vice-diretora, Marli Zimmermann.

Ontem, o único banheiro masculino não tinha papel higiênico nem toalha. Nos dois vasos sanitários disponíveis (o terceiro estava interditado), faltava o assento.

A vice-diretora teme que a situação piore nos próximos dias:

– Enquanto não está chovendo, ainda dá para ir levando. Se chover, vamos ter de dispensar as crianças.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Lastimável diante do ônus para custear os altos cargos dos Poderes.

Crianças usam um depósito sem luz como sala de aula improvisada em uma escola do município de Pinhão, no Paraná. Estudantes dividem espaço com materiais

quarta-feira, 2 de abril de 2014

DECOREBA REBAIXA O BRASIL

ZERO HORA 02 de abril de 2014 | N° 17751

HELOISA ARUTH STURM E TAÍS SEIBT


QUADRO-NEGRO

Brasil tem nota baixa em ranking de ensino



Teste com 85 mil estudantes de 15 anos, em 44 países, coloca estudantes brasileiros entre os piores na capacidade de solucionar problemas ligados a questões cotidianas. Segundo especialistas, causa do mau desempenho está na abordagem dos conteúdos

Diante de questões como escolher o trajeto mais curto em uma linha de metrô ou regular um aparelho eletrônico seguindo certas instruções, os brasileiros tiveram um dos piores desempenhos entre 85 mil jovens de 44 países.

O questionário aplicado a estudantes de 15 anos, para avaliar sua capacidade de solucionar problemas concretos, pôs o Brasil na 38ª colocação, conforme divulgou ontem a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

As questões do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) exigem que o estudante acione determinados processos cognitivos e correspondem a diferentes níveis de complexidade, classificados de 1 a 6. A média dos brasileiros foi de 428 pontos, bem abaixo dos asiáticos que lideram o ranking – Cingapura (562 pontos), Coreia do Sul (561) e Japão (552).

Nos países que ficaram nas primeiras posições, 11% dos estudantes responderam corretamente às perguntas de nível 5 e 6 – as mais complexas. No Brasil, o percentual foi de 2%.

A professora do Laboratório de Estudos Cognitivos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Diuali Fagundes Jost sintetiza a explicação para o fraco desempenho dos alunos em uma frase:

– Não são as escolas que ensinam, mas os alunos que aprendem.

Para ela, as instituições brasileiras focam mais a abordagem dos conteúdos do que a troca de conhecimentos e a construção do aprendizado. Assim, o aluno precisa ser motivado a aprender: quem foi ensinado simplesmente cristalizou – às vezes, decorou – um conhecimento, enquanto quem efetivamente interagiu e foi instigado a buscar respostas acostumou-se a achar soluções pelo próprio esforço.

O fraco desempenho não preocupa o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Chico Soares. Para ele, o resultado é um indicador de que a política educacional do país está no caminho certo. Como exemplo, Soares cita o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cujas questões envolvem situações cotidianas, sinalizando para a necessidade de uma formação escolar voltada para a vida:

– Na América Latina, só o Chile está à frente do Brasil. Nas perguntas de nível 5 e 6, que são as da inovação, a diferença entre o Brasil e os países mais consolidados é a menor em todas as edições do Pisa. Isso nos mostra que a educação está caminhando.

A avaliação é aplicada desde 2000, de três em três anos, para medir a proficiência de estudantes em leitura, matemática e ciências. Esta foi a primeira vez que o teste mediu a capacidade dos alunos de solucionar problemas. Os resultados nas outras áreas do conhecimento haviam sido divulgados em dezembro de 2013 e colocam o Brasil em 58º lugar dentre 65 países – em 2009, o país ocupava a 54ª posição.

Segundo a OCDE, alunos que se dão bem em matemática, leitura e ciências tendem a mostrar maior rendimento na solução dos problemas, porque estão mais bem equipados para desenvolver representações mentais coerentes, planejar de forma focalizada e mostrar flexibilidade para incorporar informações.


RANKING
Posição País Pontuação

1º Cingapura 562 pontos
2º Coreia do Sul 561
3º Japão 552
4º China/Macau 540
5º China/Hong Kong 540
6º China/Xangai 536
7º China/Taipé 534
8º Canadá 526
9º Austrália 523
10º Finlândia 523
11º Reino Unido 517
12º Estônia 515
13º França 511
14º Holanda 511
15º Itália 510
16º Rep. Tcheca 509
17º Alemanha 509
18º Estados Unidos 508
19º Bélgica 508
20º Áustria 506
21º Noruega 503
22º Irlanda 498
23º Dinamarca 497
24º Portugal 494
25º Suécia 491
26º Rússia 489
27º Eslováquia 483
28º Polônia 481
29º Espanha 477
30º Eslovênia 476
31º Sérvia 473
32º Croácia 466
33º Hungria 459
34º Turquia 454
35º Israel 454
36º Chile 448
37º Chipre 445
38º Brasil 428
39º Malásia 422
40º Em. Árabes 411
41º Montenegro 407
42º Uruguai 403
43º Bulgária 402
44º Colômbia 399
Fonte: Fonte: OECD - Pisa 2012






DESAFIO DE TODOS


ZERO HORA 02 de abril de 2014 | N° 17751


EDITORIAIS




Burocracia, jeitinho e má gestão são causas conhecidas para a falta de professores nas escolas estaduais, comprovada por levantamento feito por ZH em 54 estabelecimentos do Estado. É uma combinação de fatores que conspira há muito tempo contra o ensino público e aos quais se agregam o desalento com a falta de perspectivas para a categoria e os baixos salários. A consulta feita pelo jornal constatou que 26 colégios têm falta de professores. Não é uma pesquisa científica, mas a amostragem de uma realidade que em nada surpreende. Mesmo que o governo do Estado insista em reafirmar que não há carência de profissionais, é certo que os colégios enfrentam deficiências. Percebe-se claramente que essa não é uma situação pontual.

O que se revela difícil, no enfrentamento entre Cpers e governo, é a apuração da real dimensão do problema, já que o sindicato pede pelo menos mais 7 mil professores e o secretário de Educação refere-se a ausências eventuais. Afirma o senhor Jose Clovis de Azevedo que, de qualquer forma, o Estado enfrenta, entre outros desafios, a debandada diária de até 200 professores em contrato temporário. Enquanto essa fuga acontece, o Cpers cobra que pelo menos parte de 12 mil concursados assuma as vagas existentes. É no mínimo paradoxal que o governo admita a saída voluntária de professores não efetivos e não consiga administrar a chamada de aprovados que resolveriam em definitivo as carências crônicas.

É evidente que concursos públicos, em quaisquer áreas, são realizados para que se faça a gestão dos quadros de servidores. Surpreende que o próprio secretário admita enfrentar dificuldades para administrar o que ele, singelamente, define como “movimento de professores entrando e saindo”. Alunos, pais e comunidades já foram exauridos por esse embate, reeditado todo ano, que compromete a qualidade do ensino público do Estado e a aprendizagem de centenas de crianças.

terça-feira, 1 de abril de 2014

BRASIL É UM DOS ÚLTIMOS NA CAPACIDADE DE RESOLVER PROBLEMAS

O Estado de S. Paulo 01 de abril de 2014 | 9h 50

Brasil é um dos últimos em teste que avalia capacidade de resolver problemas. País amarga 38.º entre 44 países, de acordo com levantamento da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE)



Marcos de Paula/Estadão
No topo do ranking ficaram países asiáticos como Cingapura, Coreia do Sul e Japão



O Brasil decepcionou mais uma vez no Pisa, avaliação internacional que mede competências de alunos em diferentes nações. A educação brasileira amargou o 38.º lugar em uma lista de 44 países, de acordo com o resultado divulgado nesta terça-feira, 1.º, pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Tradicionalmente voltado para Leitura, Matemática e Ciências, pela primeira vez o Pisa mediu a capacidade de estudantes de 15 anos em resolver problemas mais complexos de lógica e raciocínio. No topo do ranking ficaram países asiáticos como Cingapura, Coreia do Sul e Japão. Já entre os últimos colocados, estão Uruguai, Bulgária e Colômbia.

O resultado do Brasil, de 428 pontos, ficou abaixo da média da OCDE, que era de 500 pontos. O Pisa também mediu distorções regionais nas habilidades dos estudantes. Enquanto a Região Sudeste do País teve 447 pontos, o Nordeste registrou apenas 393. O Norte teve o pior índice entre os brasileiros, com 383 pontos, abaixo no ranking global apenas de algumas regiões dos Emirados Árabes Unidos.

Apesar do resultado fraco, o desempenho dos alunos brasileiros foi superior ao que eles mesmo esperavam no teste. As maiores distorções entre a expectativa e o resultado aconteceram com os estudantes da Bulgária, Xangai (China) e Polônia, que foram bem abaixo do que imaginavam.

O teste, que avalia as chamadas habilidades não-cognitivas, mediu a capacidade de explorar e compreender as informações, pensar representações gráficas, planejar e executar metas, além de monitorar e refletir sobre o desempenho. O relatório da OCDE mostrou que o currículo das escolas e a formação dos professores são essenciais no desenvolvimento desse tipo de competência.

BRASIL DECEPCIONA NO RACIOCÍNIO LÓGICO


CORREIO DO POVO 01/04/2014 11:46

Brasil amarga 38ª colocação em teste de raciocínio lógico. Programa Internacional de Avaliação de Alunos avaliou 85 mil estudantes de 44 países



O Brasil decepcionou no Programa Internacional de Avaliação de Aluno (Pisa), avaliação internacional que mede competências de alunos em diferentes nações. O país ficou em 38º lugar em uma lista de 44 países, de acordo com o resultado divulgado nesta terça-feira pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Tradicionalmente voltado para Leitura, Matemática e Ciências, pela primeira vez o Pisa mediu a capacidade de estudantes de 15 anos para resolver problemas de matemática aplicados à vida real. No topo do ranking ficaram países asiáticos como Cingapura, Coreia do Sul e Japão. Já entre os últimos colocados, estão Uruguai, Bulgária e Colômbia.

Com 428 pontos, o Brasil ficou abaixo da média da OCDE, que era de 500 pontos. O Pisa também mediu distorções regionais nas habilidades dos estudantes. Enquanto a Região Sudeste do País teve 447 pontos, o Nordeste registrou apenas 393. O Norte teve o pior índice entre os brasileiros, com 383 pontos, abaixo apenas de algumas regiões dos Emirados Árabes Unidos no ranking global.

Nem todos os países que se saíram bem em disciplinas como matemática e ciência tiveram bons resultados no teste de resolução de problemas. Por outro lado, os estudantes do Reino Unido, Estados Unidos e Japão se saíram melhor nestes testes do que em disciplinas-chave.

O relatório concluiu que as disparidades de gênero na resolução de problemas são pequenas, especialmente entre os alunos com baixo desempenho. Mas os estudantes com melhor desempenho são em grande parte os meninos, exceto na Austrália, Finlândia e Noruega. Em média, há três rapazes de alto desempenho para cada duas meninas.

Cerca de um em cada nove alunos são capazes de resolver os problemas mais complexos, entretanto, em Cingapura, Japão e Coréia, um em cada cinco tem a mesma capacidade. Em média, nos países da OCDE, cerca de um em cada cinco estudantes são capazes de resolver apenas os problemas mais simples.

Confira abaixo o ranking:

1º) Cingapura - 562 pontos
2º) Coreia do Sul - 561
3º) Japão - 552
4º) China/Macau - 540
5º) China/Hong Kong - 540
6º) China/Xangai - 536
7º) China/Taipé - 534
8º) Canadá - 526
9º) Austrália - 523
10º) Finlândia - 523
11º) Reino Unido - 517
12º) Estônia - 515
13º) França - 511
14º) Holanda - 511
15º) Itália - 510
16º) República Tcheca - 509
17º) Alemanha - 509
18º) Estados Unidos - 508
19º) Bélgica - 508
20º) Áustria - 506
21º) Noruega - 503
22º) Irlanda - 498
23º) Dinamarca - 497
24º) Portugal - 494
25º) Suécia - 491
26º) Rússia - 489
27º) Eslováquia - 483
28º) Polônia - 481
29º) Espanha - 477
30º) Eslovênia - 476
31º) Sérvia - 473
32º) Croácia - 466
33º) Hungria - 459
34º) Turquia - 454
35º) Israel - 454
36º) Chile - 448
37º) Chipre - 445
38º) Brasil - 428
39º) Malásia - 422
40º) Emirados Árabes - 411
41º) Montenegro - 407
42º) Uruguai - 403
43º) Bulgária - 402
44º) Colômbia - 399

PESQUISA REVELA FALTA DE PROFESSORES

ZERO HORA 01 de abril de 2014 | N° 17750


LETÍCIA COSTA


NA REDE ESTADUAL. Levantamento de Zero Hora feito em 54 escolas mostra que 26 têm necessidade de mais profissionais em 20 disciplinas


Na disputa entre o governo estadual e o Cpers/Sindicato, fica a dúvida sobre se faltam – e quantos – professores nas escolas gaúchas. Conforme levantamento feito por Zero Hora, mais de um mês após o início das aulas, a carência de profissionais ainda faz com que alunos sejam dispensados e voltem para casa sem preencher uma linha sequer de seus cadernos.

As informações colhidas por ZH mostram que há estabelecimentos de ensino precisando de docentes. Das cem escolas contatadas nas 10 maiores cidades do Estado, 54 responderam ao levantamento. Destas, 26 (48,1%) precisam de professores. A carência de profissionais atinge 20 disciplinas, principalmente geografia, história, matemática e química.

Burocracia estatal, má gestão de algumas direções e uma pitada do tradicional “jeitinho brasileiro” são as principais causas que levam o Rio Grande do Sul a ter salas de aula vazias em pleno ano letivo. Enquanto isso, mais de 12 mil aprovados no concurso do magistério esperam para assumir suas vagas.

– Iniciamos o ano faltando vários professores na escola – relatou Sônia Beretta, vice-diretora da Escola Estadual de Ensino Médio Heitor Villa Lobos, de Gravataí,.

Nos 28 estabelecimentos com o quadro de professores completo, o clima é de comemoração.

– Parece mentira, mas no momento está completo. Olha que é difícil – exaltou Cristina Feijó Ribeiro, vice-diretora da Escola Estadual de Ensino Médio Setembrina, de Viamão, ao responder a pesquisa por telefone.

A Secretaria da Educação, no entanto, rebate o número repassado pelas direções das escolas com os dados do sistema informatizado de controle de recursos humanos. Chamado de Informativo da Secretaria de Educação (ISE), ele ainda está sendo implantado, mas já mostra se houve ou não solicitação por parte da instituição.

Segundo o governo, “não há pedido no ISE” em seis das 26 escolas que informaram a Zero Hora precisar de mais docentes.

Nas demais instituições, a secretaria informa que o professor está em fase de contratação ou que, para solucionar a questão, a escola fará ajustes internos na carga horária dos profissionais.

Ainda conforme o Estado, ao precisar de docentes, a direção da escola deve formalizar pedido por via eletrônica (pendrive ou CD) ou pessoalmente, na Coordenaria Regional de Educação (CRE) à qual pertence.

As direções das instituições, por outro lado, respondem que é neste momento que muitas escolas são convencidas a dar um jeito para não deixar os alunos sem aulas.

Assim, em algumas situações, estende-se a carga horária dos professores em atividade ou retira-se um docente de um turma para solucionar o problema de outra.

PROFESSOR VALORIZADO É ESTRATÉGIA DE EDUCAÇÃO


ZERO HORA 01 de abril de 2014 | N° 17750


HELOISA ARUTH STURM


FOCO NA SOLUÇÃO

Em evento na Capital, especialistas propuseram caminhos para assegurar desenvolvimento do ensino



Melhoria na educação passa necessariamente pela valorização do professor. Essa foi a principal bandeira levantada pelos especialistas que participaram ontem do 1º Fórum Educação que Dá Certo, evento em que foram discutidos caminhos e propostas para melhorar o ensino básico no Brasil.

– É preciso priorizar a carreira do magistério. Um país não tem futuro se os nossos jovens não tornarem essa carreira um objeto de desejo – afirmou Mozart Neves Ramos, diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, durante o evento que reuniu cerca de 2 mil pessoas no Teatro do Sesi/Fiergs, em Porto Alegre.

Ramos sugeriu maior aproximação da universidade com a escola pública, para que a educação básica seja não só importante, mas uma prioridade.

Segundo Priscila Fonseca da Cruz, diretora-executiva do Todos Pela Educação, embora o país tenha avançado no Ensino Fundamental I (do 1º ao 5º ano), há uma crise no Fundamental II (6º ao 9º ano) e no Médio. Como solução, ela sugere políticas mais efetivas que trabalhem com a formação de professor, educação integral, definição de uma base comum de conteúdo em todo o Brasil e mais transparência na gestão das escolas.

Cláudia Costin, secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro, citou os novos desafios dos professores no século 21 e ressaltou a experiência da Educopédia, plataforma de conteúdo colaborativo desenvolvida por professores cariocas que disponibiliza aulas online e material didático gratuitamente na internet.

Os especialistas ainda destacaram a importância da família e da sociedade na melhoria do ensino, valorizando o conhecimento, a aprendizagem e o professor, cuidando para que os estudantes tenham expectativas em relação ao futuro, e ampliando o repertório cultural e esportivo dos jovens.

Os professores também foram protagonistas no evento, compartilhando experiências bem-sucedidas na rede de ensino – entre elas, o projeto Viagens Literárias, vencedor da primeira edição do Prêmio RBS de Educação na categoria Escola Pública. Desenvolvido pela professora Maria Alice Gouvêa Campesato, o plano buscou estimular a leitura nos estudantes de uma escola municipal de Porto Alegre.

O evento é uma iniciativa da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho (FMSS), do Grupo RBS e do Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP).


DEZ SUGESTÕES PARA MELHORAR O ENSINO

- Capacitação e valorização do professor
- Ampliação da oferta de educação integral
- Definição de um currículo nacional comum, deixando espaço também às particularidades regionais
- Investimento na educação profissionalizante para aumentar a produtividade do país
- Dar mais ênfase às habilidades não cognitivas, as chamadas capacidades socioemocionais
- Utilização dos resultados de avaliações (Pisa, Ideb e Enem, por exemplo) como instrumento de feedback para promover a melhoria do ensino nas escolas, e não apenas para ranking
- Organização focada na aprendizagem do aluno: conhecer o perfil dos estudantes e colocá-los como protagonistas do processo
- Profissionalização da gestão escolar, com plano político pedagógico e planejamento estratégico bem definidos
- Repensar a dinâmica da sala de aula, para que não se tenha mais esse distanciamento entre escola do século 19, professor do século 20 e aluno do século 21
- Envolvimento dos alunos em projetos extraclasse, como voluntariado, oficinas de teatro e dança, empreendedorismo, clubes de leitura, trabalhando questões de identidade e autoestima